
Sexta-feira, 29/07/2016
Entrevista com Anna Penido - Inspirare
Uma entrevista para nos fazer pensar. Como podemos ver oportunizar um ambiente criativo em nossas Escolas? O que fazer? Quais são as expectativas para a Base Nacional Curricular Comum? Leia a entrevista e reflita sobre o assunto.
Rioeduca - Quais as expectativas para a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)? Anna Penido - A BNCC tem a missão de definir com mais clareza o que cada aluno brasileiro tem o direito de aprender e desenvolver ao longo da sua trajetória escolar. Essas definições vão orientar melhor o trabalho de escolas e educadores, bem como as expectativas de estudantes e familiares. Caso cumpra essa função, a Base vai contribuir de forma significativa para garantir mais qualidade e equidade à educação brasileira. Para tanto, é importante definirmos que ser humano queremos formar e construirmos uma proposta formativa que faça sentido para os próprios estudantes e para o nosso país. Isso significa que as áreas do conhecimento e os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento devem estar articulados em torno de uma formação mais integral e conectada com os desafios da sociedade atual.
Rioeduca - Qual o cenário para os próximos 20 anos para a educação pública ? Anna Penido- Em meio a um cenário de tanta turbulência e incertezas, fica difícil fazer previsões para o futuro. Acredito, no entanto, que não conseguiremos sustentar mais o atual modelo de escola, que já se mostra esgotado e incapaz de atender as necessidades dos alunos e da sociedade. Por isso, aposto fortemente em mudanças consistentes, muitas das quais acontecerão por pressão dos próprios alunos, cujas vozes já se fazem ouvir por meio de ocupações e manifestações. Os brasileiros são criativos e abertos a novas experiências. Temos que trazer esse espírito para dentro das redes de ensino e das escolas, a fim de que elas próprias se reinventem, com base em tendências, experiências e evidências que estão sendo geradas nos quatro cantos do mundo. Afinal, a obsolescência da educação é uma preocupação global. Caso o nosso país tenha o compromisso e a tenacidade necessários, poderemos aproveitar esse momento para dar um salto rumo à construção de uma escola pública de qualidade. Para isso, precisaremos abrir mão de resistências, acomodação e disputas inócuas. O debate é importante, mas precisamos nos unir em torno de objetivos comuns.
Anna Penido- A conectividade é fator absolutamente relevante para acelerar mudanças e progressos, caso esteja vinculada a uma política consistente de uso de tecnologia para promoção de uma educação com mais qualidade, equidade e alinhamento com as demandas do mundo contemporâneo. Metodologias e recursos pedagógicos de base tecnológica têm grande potencial de ampliar o engajamento e a aprendizagem dos estudantes, bem como de expandir a capacidade e facilitar o trabalho de gestores educacionais e educadores. Caso as escolas públicas continuem tendo acesso limitado à internet, corremos o risco de ampliar ainda mais os níveis de desigualdade na educação brasileira.
Anna Penido- É fundamental que as escolas estejam conectadas com tendências e práticas inovadoras, para ampliar suas referências e enriquecerem seu repertório de possibilidades. Também é importante que gestores e professores sejam capacitados e estimulados a criar novas práticas e materiais pedagógicos. Também aposto muito na criação de uma cultura de inovação dentro das próprias redes de educação, inclusive via promoção de oficinas em que professores, alunos e outros atores da comunidade são convidados a criar soluções para os problemas que enfrentam, em processo contínuo de reinvenção, sempre amarrado por um sistema eficiente de avaliação, validação e difusão das inovações que dão certo.
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